quarta-feira, 12 de maio de 2010

Prefeito preso acusado de pedofilia desabafa

O prefeito da cidade de Domingos Mourão, a 220 km da capital, Domingos José Cavalheiro (PMDB), preso acusado de crime de pedofilia, disse ao 180graus, na tarde desta quarta-feira (12/05), que sua prisão tem conotação política, motivada por denúncias feitas por membros da oposição. Por telefone, o prefeito, que também é padre da igreja Nossa Senhora do Carmo no pequeno município da região de Pedro II, negou que tenha sido preso por faltar a duas audiências. Ele encontra-se em uma cela especial no quartel do Corpo de Bombeiros, em Teresina.

De forma tranquila, o prefeito-padre descarta todas as acusações. Ele nega que a prisão tenha sido ocasionada pela sua falta em duas audiências a pedido da Justiça. Segundo ele, a prisão preventiva decretada pela desembargadora do Tribunal de Justiça do Piauí, Eulália Maria Ribeiro Gonçalves, a pedido do Ministério Público, foi por conta das denúncias que partiram de políticos oposicionistas de que ele estaria a coagir testemunhas. O processo, que corre em segredo de justiça, foi instaurado na comarca de Pedro II.

Do cômodo especial que ocupa no quartel do Corpo de Bombeiros, Domingos José disse que apenas se pronuncia sobre o caso, com detalhes, após o esclarecimento do fato. “Só irei me pronunciar depois do caso encerrado. A minha inocência será provada porque não há provas, mas apenas depoimentos, as pessoas falando”, conta, com otimismo.

Até o início da tarde, o prefeito informou que recebeu mais de 20 visitas no local, entre familiares e amigos. Dois policiais militares fazem a guarda na porta do cômodo, mas a entrada de pessoas continua liberada.


A DEFESA SE POSICIONA
Um dos advogados do padre-prefeito, Marcos Patrício, foi visitar o cliente. Ele confirma que não há provas materiais que apontem o crime de pedofilia contra uma garota, já que a mesma, em depoimento, negou qualquer tipo de contato físico com Domingos. “Ela disse que não teve contato carnal com o prefeito. Não existe prova material, só uma denúncia que partiu de um vereador da cidade”, conta Marcos Patrício, que também sustenta o cunho político das acusações.

Ainda de acordo com o advogado, foi pedido a desembargadora Eulália Pinheiro, nesta quarta-feira, uma reconsideração de mandado. Mesmo com a magistrada acompanhando o caso, a intenção seria retirar o padre da prisão sob a alegação de insuficiência de provas.

O 180graus apurou que a garota teria por volta de 13 anos de idade. Os pais dela são funcionários da Prefeitura de Domingos Mourão e estariam, segundo os denunciantes, recebendo ameaças por parte do chefe do executivo municipal.

PROCESSO CORRE EM SIGILO
O Tribunal de Justiça do Piauí alega que o processo corre em sigilo com o intuito de resguardar a identidade da suposta vítima. Por conta do prefeito ter foro privilegiado, as denúncias foram levadas ao TJ-PI pelo procurador geral do Ministério Público, Augusto César. O processo chegou no final do mês passado à Câmara Criminal do tribunal.

No TJ-PI, a desembargadora Eulália Pinheiro não quis se pronunciar sobre o caso. Evita prejudicar o andamento do processo, que prossegue em segredo de Justiça. O trânsito de informações e documentos relativos ao caso também não podem ser liberados, nem mesmo através de consulta no endereço eletrônico da instituição, disponibilizado pela internet.

Segundo informações apuradas no TJ-PI, a oficial de Justiça Shirley Amorim acompanhou a prisão do prefeito. Ela não se encontrava na Câmara Criminal do TJ para explicar os procedimentos adotados pela Justiça.

O QUE CONTAM OS OPOSICIONISTAS?
A equipe do 180graus também procurou os políticos que se posicionam contra o atual prefeito. O vice-prefeito de Domingos Mourão, Valdir Bandeira da Silva (PPS), e o vereador Lauro Bandeira (PTB) afirmaram que as acusações de crime de pedofilia contra Domingos Cavalheiro têm fundamento.

Segundo eles, os boatos que dão conta do envolvimento do padre com garotas, geralmente de origem humilde, surgiram quando ele ainda celebrava missas na igreja de Nossa Senhora do Carmo.

O vice-prefeito Valdir Bandeira revelou que sempre teve desentendimentos com o prefeito, mas que as acusações que pesaram sobre Domingos, envolvendo meninas, foram o estopim. Bandeira nega que sua posição seja motivada pela briga política com o acusado, que segundo ele, fazia ameaças aos servidores municipais e à população.

Já o vereador da cidade, Lauro Bandeira, adversário político do padre, disse que levou o caso ao conhecimento da imprensa local. Com a colaboração do conselheiro tutelar, apenas conhecido como Márcio, foi realizada a denúncia junto ao Ministério Público, através do promotor Plínio, da comarca de Pedro II.

Lauro alega que fez a denúncia “como um pai de família que teme por outras garotas”. Conta ainda que os sinais de televisão foram cortados no município, como forma de evitar a propagação da prisão do padre-prefeito.

Fonte: 180graus.com

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